Conheça as histórias de Edson Tavares e Virna Lúcia, doutores em literatura e estudantes de um nova graduação presencial.
Edson Tavares e Virna Lúcia são professores doutores em literatura, colegas de sala de aula e que sofreram julgamentos por suas escolhas. Com histórias diferentes, mas sem deixar seus sonhos e desejos de lado, estão em busca da sua segunda graduação, depois de um longo período de transmissão de conhecimentos, eles não desistiram e estão aprendendo e se reinventando do outro lado, sentados na carteira, vivendo outra vez, novas experiências.
Edson, formado em Letras e atualmente professor de graduação na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), está há 33 anos em sala de aula e há 2 semestres, finalizando o primeiro ano de sua nova graduação no curso de jornalismo da mesma universidade. O ferinha (como os novos alunos são chamados) relata que inicialmente, na década de 80, ele tinha duas opções na sua cabeça, Letras e Jornalismo, mas na cidade em que ele morava não havia as duas oportunidades e nem possuía condições de estudar fora, foi então que optou por Letras pelo qual é apaixonado.
Mas a paixão não apagou o sonho da sua segunda graduação. Apaixonado pelo rádio, decidiu fazer o Enem e “viver do zero”, uma vida universitária, mas com a diferença em relação a seus colegas, de sofrer algumas dificuldades tanto em relação às pessoas com quem convive, quanto conflitos internos. “Desde o momento que eu decidi fazer o Enem, depois fazer a matrícula e assistir aula, isso tudo foi visto pelos meus familiares e amigos como uma coisa estranha, porque não é muito comum acontecer isso, mas ninguém foi contra e nem adiantaria, quando eu decido fazer algo, eu faço. Além disso, a diferença de idade pesa, que poderia nem ser um peso, já que eu trabalho com jovens”, relata Edson que se acha diferente quando muda de papel, “eu sou o aluno Edson tímido e o professor Edson descontraído”.
Mesmo admitindo ter suas dificuldades de socialização, uma diferença em relação aos demais com quem estuda, é se ver em outros professores ou em determinadas aulas. “O curso de Jornalismo está me ajudando muito a ser professor. Eu me vejo em alguns professores e em determinadas aulas, com as quais eu não concordo. Coisas que eu não gosto e eu estava fazendo e até mesmo técnicas que incrementei nas minhas aulas que vi surtirem efeito”.
Com Virna Lúcia, é um pouco diferente em algumas circunstâncias. Com 22 anos de sala de aula, está em fase de conclusão da sua segunda graduação, em História. “Eu sempre gostei muito de História, e quando eu fiz o vestibular, eu fiquei na dúvida em Letras e História, optei pela primeira. Quando eu estava fazendo meu doutorado em Literatura e Cultura, eu li muitos historiadores e aquele desejo por História aflorou”, relata ela quando se viu ainda mais apaixonada pela área com que sonhava.
Virna, assim como Edson, sofreu alguns conflitos e brinca contando como foi a reação dos seus familiares. “Foi engraçado. Eu defendi a tese em março de 2013 e voltei ao trabalho, quando eu vi a notícia de que a UEPB estava lançando seu último edital para vestibular, eu vi a chance de fazer o curso de História. Então eu fiz a inscrição, mas não disse a ninguém, quando foi as vésperas de fazer a prova, contei a meu marido, foi quando ele me perguntou se eu estava louca. Minha mãe também, evangélica como eu, disse que estudando História eu iria virar ateia. Outras me questionavam se eu precisaria ainda cursar algo, como se só se estudasse por necessidade e não por desejo”.
Provando que o desejo de realizar seu sonho é maior do que os obstáculos do cotidiano, Virna enfrenta o desânimo e o cansaço do dia-a-dia, porque trabalhando de dia no IFPB, ela precisa viajar 130 km todos os dias, no fim da tarde para poder assistir à sua aula de noite. “Mas o curso foi me encantando tanto que eu já estou prestes a terminar no próximo período”. Ela ainda complementa sua experiência de estar novamente em sala de aula, mas não lecionando. “Voltar à cadeira de estudante, é uma experiência muito interessante e aprendo muito em sala de aula. Me reinvento como professora em relação às metodologias aplicadas e levo pra minha vida”.
Ambos, professores doutores, bem realizados nas suas áreas de atuação, buscam sempre se reinventar, conhecer novas coisas, conhecer a si mesmo e até onde conseguem chegar, se é que existe um limite. Segundo a menção de Edson, como um bom amante da literatura, Álvaro de Campos dizia “quando eu quero passar, eu sou Deus”.
Conheci Virna em sala de aula e fiquei llogo amigo dela . Pessoa simples, humilde, gente finíssima. Houve uma afinidade entre eu e ela poi's oartilhamos de ideias semelhantes em vários aspectos e isso foi bastante para selarmos uma amizade.
Sou admirador da batalha que ela trava todos os dias pra cumprir os compromissos. É uma grande guerreira e merece todas as nossa homenagens.
Cada dia um aprendizado maior, eles são a prova viva que nunca é tarde pra fazer o que se gosta e se reinventar! Parabéns Iara pela matéria, tu arrasa mulher, e continue assim!